terça-feira, 2 de novembro de 2010

...Horas Depois






Meu faro não falha,

O perfume invadindo janela adentro com brisas frescas e reconfortantes indicava realmente a chegada de alguém - ou simplesmente que alguns beijos casuais estariam por acontecer.

Eu e meu chapéu saímos para dançar no feriado e não me arrependi nem um pouco. Apesar de ter enfrentado uma fila tosca por quase (ou mais de) duas horas, ter sido esmagada e pisoteada por um bando de macacos bebendo e falando asneiras para as donzelas que mostravam as pernas, enquanto eu, como boa macaca, era frequentemente encontrada a rachar de rir com as amigas e com as figuras que encontrou por lá. Di-ver-ti-do !!!! Ótimo porque as amigas eram animadas e na verdade eu (milagrosamente) estava animadíssima também (apesar do aparente mau humor pouco antes de entrar no pardieiro por conta da fila, foi algo realmente SÁDICO).

A balada terminou quando o sol já tava alto, entrei no chuveiro e senti meus pés arderem, dormi por 6 horas e saí pra almoçar com João - um dos meus melhores amigos.

O ambiente está propício a novidades promissoras e a brisas de perfume masculino exalando por toda a minha casa.

Então, envolvida pelos pensamentos e pelo meu otimismo, com a sensação de estar entendendo e aceitando absolutamente tudo, eu venho me sentindo calma porque tenho aceitado as coisas na minha vida com consciência e um pouco - nem que seja um pingo - de compreensão.

Não é à toa. Estou sozinha mas isso não é por acaso. Não escolhi meu caminho à toa e toda escolha implica nas consequências, claro. Estar sozinho significa mergulhar em si mesmo, e esse mergulho pode ser fatal. - uma vez que você entra, não sai mais. A não ser que encontre um equilíbrio. É neste momento em que me encontro (literalmente).

Aceitando que nem todo dia faz sol, nem toda manhã é calma, nem todo dia é fácil, nem todo mundo é forte... Nem todo coração é mole, nem toda vontade é intensa o suficiente para fazer um grande sonho acontecer - de fato - e nem sempre mesmo as pessoas mais lindas do mundo acordam com uma aparência divina sempre: até a Larissa, que já foi modelo, que faz qualquer roupa ficar bonita e facilmente pode ser confundida com beldades como a Penelope Cruz, nem a Larissa, todo dia é bonita. Tem dias que vou te falar... ela consegue ficar feita e não sei como. É porque tudo na vida é assim, tem coisas que cada dia parece de um jeito e mesmo que a gente se esforce para fazer igual no dia seguinte, não volta. Isso é simples de se entender, e a partir do momento em que a pessoa aceita o fato de que nunca vai conseguir ser a mesma pessoa por toda a vida, é quando você deixa o caminho livre e aberto para o que tiver de acontecer - tudo pode ser. Tudo é uma questão de momento - milhares de influências externas nos bombardeiam todos os dias, e o ponto alto do equilíbrio permite que você tenha uma essência única e marcante, embora de tempos em tempos você experimente ser uma pessoa diferente - e não, eu não digo que é comum as pessoas deixarem de gostar de rock pra curtir sertanejo, não tem nada a ver com isso - o que eu quero dizer, é que você pode gostar de rock e ouvir um sertanejo, pelo menos pra ter a certeza de que o som é uma bosta. - mas você pode gostar, e se isso acontecer: ótimo. Uma coisa a mais no mundo que te agrada.

Eu estou me referindo a um movimento saudável e na verdade nem se trata de 'mudança' no sentido de deixar de ser ou sentir uma coisa para sentir outra... não acontece nenhuma substituição, eu estou falando sobre aquilo que agrega e que transforma.

Tudo isso pra dizer que eu concordo com Raul Seixas, por mais que eu não seja grande fã, mas é certo: vale muito mais a pena ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

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Eu já fui apaixonada, já dei muitos foras, já levei patadas, fui ignorada, trocada, traída... fui paparicada, desejada e surpreendida: experimentei dois pólos de sentimentos e sensações e quase todos os dias acontece alguma coisa que abala minhas estruturas, ultimamente não tem sido muito positivo, mas eu continuo esperando. E há de acontecer um dia... as janelas de casa estão escancaradas.


domingo, 31 de outubro de 2010

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Das coisas que eu vejo e ouço...


...Agradeço a Deus pela consciência.
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Volto do trabalho caminhando para casa num ritmo intenso. Ando muito rápido e sinto meu corpo agradecendo pelo esforço de poder se mover e enrijecer. Vou olhando para o lado, para o chão, para o horizonte,... e vejo tudo, simplesmente tudo que eu posso, e percebo.

Tem cada coisa que eu vejo... chega a me dar náusea. Cada coisa que eu ouço... tem dias que eu me torço e me contraio sem perceber. É como se apertassem um botão do meu cérebro e me fizessem me apertar inteira, como um mecanismo, e então eu me lembro de me soltar.

E me solto. Numa música, numa cerveja, num atendimento durante o trabalho, na resolução de algum problema que estava trancando meu caminho para fluidez e resolução de outras coisas. Quando eu solto meus músculos dos braços, das mãos, das pernas, dos pés e da cabeça... aí é o momento que eu percebo.

Percebo e agradeço porque isso é a consciência de tudo.

De repente o problema nem era tão grande assim ou por um acaso você interpretou o outro de um modo completamente distorcido - e vice-versa - porque existem infinitas possibilidades.

Falta espaço na minha caixa maciça de pensamentos para tentar imaginar cada possibilidade para cada interpretação, sentimento ou situação. Muitas coisas [podem ser] - . E é impossível e irracional tentar me colocar em lugares onde simplesmente não me encaixo, porque é grande ou pequeno demais... porque é mais plano ou tortuoso... cada ser tem um conjunto de características que forma uma personalidade única.

(e todas essas personalidades se movimentam)

Cada dia é um dia único, o que faz das personalidades únicas se tornarem instáveis, e isso não se dá apenas pelos constantes picos de humor ou num dia em que acordamos feios e ríspidos e no outro bonitos e agradáveis... Esse movimento pulsa. O que significa que um tanto de características e sentimentos individuais constantemente mudam e outro tanto de características e sentimentos individuais permanecem em sua essência - pois é isso o que é: essência.

essência
s. f.
1. O que constitui o ser e a natureza das coisas.
2. Qualidade predominante ou virtual de (plantas e drogas).
3. O que há de mais puro e subtil (nos corpos).
4. Ser; existência.
5. Óleo essencial ou volátil.
6. Carácter! distintivo.
7. Ideia principal.

É essa consciência que me solta quando eu mesma me amarro e me sujeito a condenar a mim mesma uma pena caríssima de vida tensionando meu corpo, aprisionando minha mente e espírito.

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...O resto eu vou levando. Um dia bom e outro ruim. Um dia belo e outro nem tanto assim.

Nada disso importa. O que me vale é essa semente que eu cultivo em mim para colher a paz.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mais um passo adiante...

Está meio escuro mas a varanda foi o melhor lugar da casa onde eu pude encontrar um pouco de conforto a essa hora do dia - depois do tão esperado jantar da Maja... ela mal chegou e já vai embora.

Parece que foi ontem que (no dia 15 de agosto? não me lembro bem) eu e larissa fomos buscá-la na rodoviáriaç momentos depois ela estava sentada na mesinha aqui da cozinha de casa, com uma carinha assustada de quem acaba de ver um monte de coisas estranhas. Vinha a menina croata que ninguém sabia quem era, apenas de onde vinha, e ela já está indo embora... o tempo voa.

No jantar falamos inglês, português e espanhol, o que me faz sentir viva.

A bagunça na cozinha... as garrafas de vinho espalhadasa... o sono que vem... o frio da varanda... Tô aqui. Com a mesma carinha de assustada da Maja quando chegou no Brasil e não conhecia nada - estou entrando em uma atmosfera diferente, sentindo um frio do estômago.

Com os olhos fechados desta vez...
(não consigo enxergar nada, mas eu vejo tudo)

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Pronto. Tá vendo?

É só permanecer por cerca de 40 minutos na cama, a luz de velas, praticando exercícios de respiração e mentalização com a vibração lá no alto. Dorme. Acorda. Respira.

...O dia flui.

As coisas começam a fazer sentido e aí é tudo vai fluindo melhor ainda. Nem as fotos do recente casamento do meu ex-amor-platônico me abalou, nem o sapo gordo que entalou na minha garganta sobrou, foi digerido e nem preciso dizer o que foi que ele virou depois; o e-mail que nunca foi respondido está perdoado; a convivência com a roomie que não é nada fácil; o outro e-mail que nunca foi respondido foi perdoado também...

É esse caminho turvo que eu vou traçando rumo a um mundo paralelo que Deus sabe lá aonde vai dar.

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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

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Quando alguma coisa sai do eixo.

Meus pensamentos giram em rodas de sensações esquisitas, como se tivesse algo errado e alguma coisa houvera de acontecer por consequência disso. É um monte de energia mal canalizada, um punhado de acontecimentos mal digeridos - ou apenas indigestos por si, não há o que possa ser feito.

É verdade isso? Não há nada que possa ser feito? Não acredito nem compro essa idéia, porque custa simplesmente um preço muito alto e p/ mim não vale nada.

Se tem uma coisa que sinto falta da fase que eu era adolescente, era a minha força pra impor minha personalidade, mesmo que depois eu tivesse que dar mil voltas porque precisei de muito tempo p/ me estabelecer como indivíduo no mundo. Eu não tinha medo, simplesmente falava, escrevia e dançava. Eu acreditava no brilho das coisas e mantinha como regra minha essência quase gay, meiga, muito ingênua, pura e pluralista. Eu acreditava e confiava num senso de comunidade, mas hoje eu penso e sinto que o meu universo está longe de chegar perto das minhas expectativas enquanto human being.

Eu agora preciso de novo voltar a dar mil voltas para me encaixar perfeita e harmoniosamente num sistema retangular que exige de mim uma postura tão quadrada quanto; um negócio que ferve no ar e desce rasgando.

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Num dia em que a pessoa se sente fora do eixo, cheia de dúvidas. Ajuda lembrar - além do mar - da viagem, do sincronismo, do que ainda brilha no ar (mesmo que em proporção mínima) - me ajuda calar, parar, esvaziar minha mente exausta e respirar. Acima de tudo, me ajuda esvaziar os pulmões saturados do ar velho e contido e enche-los de novo com consciência de tudo, tudo; da dor que vem da base da espinha até o umbigo - uma enxaqueca constante e talvez isso tudo esteja acontecendo apenas por conta de uma erupção de hormônios frustrados.

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Silêncio.

sábado, 25 de setembro de 2010

in advance


Eu não sofro de tpm, nem de bipolaridade ou qualquer coisa assim. Eu apenas tenho pequenos intervalos entre cada 15 dias para respirar sofrendo um bombardeio de influências astrológicas, sociais, lunares e horminais.

O quê eu haveria de fazer para fugir disso?

Nada.

É por isso que as coisas têm sido na base do "Ok. Deixa pra lá."

Uma boa estralada na coluna; 20minutos de cochilo depois do almoço; uma sequencia de 5 brigadeiros feitos pela minha mãe acompanhados de café no final da tarde; uma boa noite "out of space"com a companhia de bom vinho e velas; um papo interessante e boas expectativas sobre alguém e uma hora e meia de canto LIVRE: tudo isso cura. Cura até a decepcção causada pela boa expectativa sobre uma pessoa... cura a dor de cabeça causada pelo trabalho; a falta de ar causada pelo tédio; o cansaço causado pela falta de amor... cura tudo. Tudo cura. Até as horas que andam desatadas pelo tempo tropeçando por segundos, dias e semanas inesquecíveis.

Ooohhhhhhh!!!!!!!! Maria de Verdade. - essa música e o tempo de chuva... um abraço, um beijo perto do olho, uma noite morna e energizante.

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domingo, 19 de setembro de 2010

You're Off-Beat, baby !


É muito difícil abrir mão de uma idéia fixa que já está instalada na nossa vida há muito tempo. Essas idéias nascem de uma minúscula outra idéia ou influência que surge em qualquer evento, em qualquer momento, e fica alí.
Uma idéia se acomoda na nossa mente conforme recebemos ela, oque é difícil de perceber, e então simplesmente começa a acontecer um processo vicioso que transforma pequenas idéias em comportamento... que nos traz consequencias e resultam em sentimento, que provoca sensações, que acomoda traumas, dores, ressentimentos... e se instala. -
É muito foda chegar até uma realidade que você não está acostumado a ver, seja ela boa ou ruim, quando as coisas mudam nós muitas vezes saímos dos eixos. E é aí que a coisa se complica.
Eu percebi que não é só uma ou outra coisa que muda numa pessoa ao passar dos dias. O conjunto se transforma e então nós vivemos em constante mutação.
Tem sido cada dia mais fácil entender, que meu corpo nunca vai passar mais de alguns meses sendo o mesmo, alguma coisa sempre vai mudar - indo e voltando ou simplesmente evoluindo. Cada dia eu apareço na frente do espelho com uma cor diferente... cada dia eu tenho uma pinta nova ou uma espinha que aparece; ou uma espinha que sai... um dia bonita outro dia nem tanto; um dia mais ou menos e outro super intenso... um dia produtivo e um dia daqueles de atrasar uma semana inteira; uma hora alegre, um minuto chato... uma fase triste e uma época inesquecível. Esses ínterins que mudam, renascem e se desenrolam - com uma mistura tão grande de sentidos, sentimentos e sensações, nós ainda insistimos com o erro de aceitar que nossas idéias permaneçam num só caminho sempre.
Desisti de querer sempre ficar magra. Também não quero mais me forçar a manter uma opinião quando eu começo a suspeitar de que ela pode estar errada.
Será sempre favorável p/ minha mente manter a mesma opinião de tudo, eu quero exercitar.
(todas essas sou eu. cada dia de um jeito, de uma cor, de uma forma... eu sigo o fluxo natural das coisas com uma intensidade primária e isso não é uma coisa ruim...)

sábado, 18 de setembro de 2010

segunda-feira, 30 de agosto de 2010




Estou tentando juntar pedaços de mim jogados no tempo para remontar a minha história e tentar dizer para mim mesma quem sou eu agora.

Depois de ter encarado a adolescência, uma fase repentina de uma série de fatos desagradáveis havia me transformado em uma menina insegura e cheia de medos.
Resumidamente: eu fui uma criança... depois fui uma pré-adolescente estranha, depois fui uma adolescente bochechuda, com o sobrenome "Formiga", que nunca tinha ido à Disney, não usava roupas nem perfumes importados, que não tinha a mesma estatura nem a mesma estrutura corporal, nem a mesma classe social que as outras meninas da escola. Desde criança eu era a menina "zoadinha" pela turma.


Não era p/ menos. Minha família veio de uma terra muito longe daqui, onde tudo era muito diferente - e socialmente muito inferior - meus pais sempre foram diferentes dos outros pais... mas isso nem de longe era algo ruim. Eu nasci e cresci nessa cidade de interior, onde o objetivo único de cada um é passar por cima do que está à frente.
Ter nascido de uma família diferente - com valores tão distintos e reais - fez de de mim uma mulher recém-nascida que destoa diante das demais - uma menina, uma garota; uma pessoa que na verdade eu não consigo ainda definir, mas que p/ mim, hoje, eu... sou... muito especial.


O duro é manter este equilíbrio sempre... dia-a-dia me vendo como uma menina de sorte, competente e especial... Tem dias que simplesmente me esqueço de onde eu vim, o quê eu sou, por qual motivo eu estou aqui?, é difícil manter sempre a cabeça no lugar e não pender para o lado de fora, onde as influências nem sempre são tão legais.
É para isso que eu estou aqui.
Para passar a limpo todas as minhas descobertas e colorir cada uma delas.
Quero escrever sobre todos os meus passos sem seguir uma ordem cronológica de modo que eu me sinta livre para ir e vir quando bem quiser -
e entender.
Entender cada questão p/ então tentar encontrar -
cada resposta.
Eu não vim p/ explicar a ninguém, a não ser à mim mesma. Mas pode vir...
Pode ler, pode rir, pode chorar e pode até xingar - este último faça apenas p/ você mesmo -
eu gostaria de ter companhia.
Isto é perigo, é um desafio, uma empreitada. E sabe-se lá se vai dar certo... eu só sei que estou aqui.
(e meu ponto de partida já ficou lá atrás)
Eu só não me sinto mais sozinha porque agora tenho eu mesma.
ser, estar. - parar só p/ ver, admirar ...querer, rezar, chorar. uma música p/ relaxar, o lado bom das coisas... colocando o trabalho em ordem, arrumando as gavetas do meu coração, espírito limpinho, cheiroso, leve e reluzente...
always pushing up the hill searching for the thril of it