segunda-feira, 30 de agosto de 2010




Estou tentando juntar pedaços de mim jogados no tempo para remontar a minha história e tentar dizer para mim mesma quem sou eu agora.

Depois de ter encarado a adolescência, uma fase repentina de uma série de fatos desagradáveis havia me transformado em uma menina insegura e cheia de medos.
Resumidamente: eu fui uma criança... depois fui uma pré-adolescente estranha, depois fui uma adolescente bochechuda, com o sobrenome "Formiga", que nunca tinha ido à Disney, não usava roupas nem perfumes importados, que não tinha a mesma estatura nem a mesma estrutura corporal, nem a mesma classe social que as outras meninas da escola. Desde criança eu era a menina "zoadinha" pela turma.


Não era p/ menos. Minha família veio de uma terra muito longe daqui, onde tudo era muito diferente - e socialmente muito inferior - meus pais sempre foram diferentes dos outros pais... mas isso nem de longe era algo ruim. Eu nasci e cresci nessa cidade de interior, onde o objetivo único de cada um é passar por cima do que está à frente.
Ter nascido de uma família diferente - com valores tão distintos e reais - fez de de mim uma mulher recém-nascida que destoa diante das demais - uma menina, uma garota; uma pessoa que na verdade eu não consigo ainda definir, mas que p/ mim, hoje, eu... sou... muito especial.


O duro é manter este equilíbrio sempre... dia-a-dia me vendo como uma menina de sorte, competente e especial... Tem dias que simplesmente me esqueço de onde eu vim, o quê eu sou, por qual motivo eu estou aqui?, é difícil manter sempre a cabeça no lugar e não pender para o lado de fora, onde as influências nem sempre são tão legais.
É para isso que eu estou aqui.
Para passar a limpo todas as minhas descobertas e colorir cada uma delas.
Quero escrever sobre todos os meus passos sem seguir uma ordem cronológica de modo que eu me sinta livre para ir e vir quando bem quiser -
e entender.
Entender cada questão p/ então tentar encontrar -
cada resposta.
Eu não vim p/ explicar a ninguém, a não ser à mim mesma. Mas pode vir...
Pode ler, pode rir, pode chorar e pode até xingar - este último faça apenas p/ você mesmo -
eu gostaria de ter companhia.
Isto é perigo, é um desafio, uma empreitada. E sabe-se lá se vai dar certo... eu só sei que estou aqui.
(e meu ponto de partida já ficou lá atrás)
Eu só não me sinto mais sozinha porque agora tenho eu mesma.
ser, estar. - parar só p/ ver, admirar ...querer, rezar, chorar. uma música p/ relaxar, o lado bom das coisas... colocando o trabalho em ordem, arrumando as gavetas do meu coração, espírito limpinho, cheiroso, leve e reluzente...
always pushing up the hill searching for the thril of it